Para acelerar o diagnóstico do câncer de mama, especialmente em mulheres mais jovens, uma equipe internacional de pesquisadores testou uma nova forma de triagem, por meio de um exame de sangue. No futuro, a novidade pode revolucionar o tratamento oncológico, já que poderia detectar a presença do tumor mais cedo e também diminuiria a dependência das mamografias.
Publicado na revista científica Cancers, o estudo envolveu pesquisadores de diferentes países, como Reino Unido, Estados Unidos e Índia. “A adoção clínica deste teste pode ser benéfica no rastreamento do câncer, bem como na detecção de câncer de mama em casos suspeitos”, adiantam os autores sobre os bons resultados.
Exame de sangue para o diagnóstico do câncer
Oficialmente, o novo teste recebe o nome de Trucheck. Segundo os autores do estudo, o exame detecta a presença de Células Tumorais Circulantes (CTCs), a partir de uma amostra de 5 ml de sangue. Em outras palavras, é um procedimento pouco invasivo. É importante destacar que, mesmo em pequenas quantidades, a presença de CTCs no sangue é considerada como um sinal de tumor canceroso em seus estágios iniciais e, por isso, deve ser pelo menos melhor investigada.
Resultados do experimento
“Este teste pode detectar CTCs de câncer de mama com alta precisão em todas as faixas etárias, subtipos de receptores hormonais, subtipos histológicos e graus da doença. Em nosso estudo, este teste detectou casos de câncer de mama e os diferenciou de mulheres saudáveis (livres de câncer) bem como daquelas com condições não cancerosas com alta precisão”, contam os autores do estudo.
Para ser mais preciso, o teste conseguiu diagnosticar, em média, 92% dos cânceres de mama e esta porcentagem é levemente superior à taxa de acerto das mamografias. Conforme o nível aumentava, maior foi a taxa de precisão. Nos estágios 3 ou 4, o índice de acerto chegou a 100%, já que a concentração de CTCs no sangue tende a ser bastante elevada.
Por outro lado, quando o tumor estava no estágio 1, a taxa de acerto foi um pouco menor, estimada em 89%. Enquanto isso, no estágio 0, o índice foi calculado de forma correta em 70% dos casos.
No total, foram usadas cerca de 9,6 mil amostras de sangue de mulheres saudáveis e outras 548 amostras de pessoas com câncer de mama. Uma vantagem, pelo menos durante o estudo, é que não foram identificados falsos positivos, ou seja, casos em que o resultado dá positivo, mas o câncer não existe.
E a mamografia?
No artigo, os cientistas também lembram que “a detecção do câncer de mama em estágios iniciais está associada a maiores taxas de cura e melhor sobrevida, além de exigir menos tratamentos intensivos”. Nesse sentido, a mamografia nem sempre é a melhor alternativa, já que a taxa de acerto é maior em casos mais avançados e é recomendada para mulheres mais velhas (após os 50 anos).
“O rastreamento atual do câncer de mama por meio de mamografia não é adequado para uso em mulheres mais jovens com mamas mais densas e também tem limitações em sua capacidade de detectar cânceres de mama agressivos”, explicam. Por isso, novas alternativas são necessárias na triagem.
Fonte: Cancers/The Independent/Voz da Bahia