Foto: Reprodução/WhatsApp

Um incêndio na sede de uma instituição que abriga crianças em situação de risco social deixou quatro mortos, sendo três crianças e um adulto. O fogo atingiu o Lar Paulo de Tarso, no Ipsep, na Zona Sul do Recife, na madrugada desta sexta (14). O local recebe crianças e adolescentes encaminhadas pelos conselhos tutelares e Juizado da Infância e Juventude (leia mais). Treze pessoas ficaram feridas.

Inicialmente, o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) disse que havia 15 feridos, mas depois informou não ser possível contabilizar. Segundo a direção do Lar Paulo de Tarso, foram 17 vítimas no total, sendo 4 mortos e 13 feridos.
Vídeos mostram os bombeiros em ação para controlar o fogo, que começou por volta das 3h. Até por volta de 9h não havia sido informado o que provocou o fogo. Entretanto, o diretor da casa acredita que um curto-circuito foi o que causou o acidente.

Vítimas do incêndio

17 vítimas, sendo 15 crianças e dois adultos;

Desse total, 4 pessoas morreram, sendo 3 crianças e uma cuidadora;

Entre os feridos, 8 estão no Hospital da Restauração e 5 no Hospital de Areias, ambos no Recife.
De acordo com o Samu, duas pessoas morreram no abrigo: um garoto de idade não informada e uma cuidadora identificada como Margareth da Silva, de 62 anos. Duas meninas, também de idade não revelada, morreram quando estavam sendo levadas para o hospital.

Os nomes dos outros mortos e feridos não tinham sido informados até a última atualização desta reportagem. No entanto, segundo a direção do abrigo, as vítimas têm entre 2 e 11 anos. Treze pessoas foram levadas pelos bombeiros e pelo Samu para hospitais do Recife. Oito estão internadas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área central da cidade.

Cinco pessoas foram levadas para o Hospital Geral de Areias, na Zona Oeste da cidade, sendo quatro crianças (três meninos e uma menina) e uma professora do abrigo, de idade não informada. No HR, local que mais recebeu crianças, alguns pais foram até a emergência para procurar os filhos. Segundo informações da unidade, a maioria dos pacientes ainda não havia sido identificada.

Incêndio

Imagens enviadas para o WhatsApp da TV Globo mostram os bombeiros atuando para controlar as chamas no Lar Paulo de Tarso, na Rua Jerônimo Heráclito. Onze equipes foram ao local para controlar as chamas. As chamas também chegaram a atingir uma casa vizinha, mas ninguém ficou ferido nessa residência. Nove viaturas do Samu também foram acionadas.

Por volta das 6h, a corporação informou que o fogo estava totalmente controlado. À TV Globo, o supervisor de Operações dos Bombeiros Lamartine Melo, afirmou que ao menos 15 crianças e duas cuidadoras foram retiradas do local.

“O fogo atingiu, principalmente, a sala e o terraço. Os quartos não foram atingidos pelo fogo, mas, sim, pela fumaça extremamente tóxica”, declarou.

Perícia

O Instituto de Criminalística (IC) esteve no Lar Paulo de Tarso. A perita criminal Magda Pedrosa informou que não foi possível fazer a perícia sobre as causas do incêndio. Segundo ela, o local ainda estava muito aquecido no início da manhã desta sexta.

Ela também disse que há uma preocupação com a estrutura do imóvel. Rachaduras podem surgir quando acontecer o esfriamento da estrutura.

“Então, é preciso aguardar algumas horas para realizar essa perícia. Fomos ao local apenas para periciar os corpos. A perícia do incêndio será realizada ainda hoje [sexta]”, afirmou.

Luto

Moradora do bairro há mais de 30 anos, Suellen mora na frente ao centro e contou à TV Globo o desespero dos moradores no momento do incêndio.

“Ouvi muita gritaria, eram umas 2h. O vizinho da frente arrombou e arrancou a grade. Terrível, sem palavras, foi muito feio”, disse Suelen.

Arthur Fagner mora ao lado do abrigo e ajudou a salvar vítimas do incêndio. “Foi a pior situação da minha vida”, afirmou.

Uma das pessoas que morreu foi Margareth da Silva. O filho dela, Adjair da Silva, contou que a mãe era cuidadora.

“Fazia mais de dez anos que ela trabalhava aqui, desde antes de o lar mudar para cá. Ela sempre trabalhava à noite. Passou um tempo de manhã, mas quase sempre trabalhava à noite. Eu quero enterrar minha mãe o mais rápido possível”, afirmou.

A cuidadora de idosos Claudiana Santana é sobrinha de Margareth. Ela afirmou que falou com a tia na noite de quinta (13).

“Quando eu vi a notícia, pensei ‘meu Deus, é o Paulo de Tarso’. E ela foi trabalhar. Ela dizia que dava um cochilo de madrugada para organizar as coisas antes de a outra cuidadora chegar. Ela passou um tempo trabalhando de dia, mas disse que era muito cansativo e voltou para a noite. Ela falava muito das crianças, pedia para a gente orar por elas. Morreu fazendo o que amava”, declarou.

Por meio de nota, a governadora Raquel Lyra (PSDB) afirmou que Pernambuco “está de luto com o que aconteceu nesta madrugada no Recife, no Instituto de Caridade Lar Paulo de Tarso”. “Deixo a minha solidariedade às famílias das vítimas neste momento de muita dor”, disse.

Local do incêndio

Segundo o site oficial, a organização não-governamental (ONG) recebe crianças e adolescentes encaminhadas pelos conselhos tutelares e Juizado da Infância e Juventude. Eles ficam lá até conseguir retornar para a família de origem. Quando essa possibilidade é esgotada, são encaminhadas para famílias substitutas, por meio de guarda, tutela ou adoção. Na instituição, há programas de educação e acolhimento dos jovens.

Crianças e jovens que também são atendidos pelo abrigo vão ser transferidos para outras entidades.

O que diz o TJPE

Por meio de nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) afirmou que:

“fará tudo que estiver ao alcance para amenizar o sofrimento das vítimas dessa tragédia no Lar Paulo de Tarso”;
vai fazer uma “campanha para doação de alimentos, remédios, roupas, brinquedos e material de construção”;
“também prestará apoio psicológico às vítimas e ajudará na retirada da segunda via de documentos”;
“o momento é de dor, mas também de ações urgentes e de muita união”.
Ainda no texto, o TJPE informou que:

“os laudos sanitário, dos bombeiros e alvará de funcionamento estão em dia”;
“a administração das casas de acolhimento é de responsabilidade direta do município ou de ONGs, que recebem recursos das respectivas prefeituras”;
“ao TJPE cabe, juntamente com o MPPE, fazer fiscalizações periódicas. Se houver irregularidades, as providências cabíveis são tomadas”;
sobre o acesso dos parentes às crianças vítimas do incêndio, “está sendo avaliado, caso a caso, aqueles que podem realizar a visitação”;
“o acolhimento acontece quando a criança ou adolescente está em situação de risco junto à família biológica; se não houver restrição de visitas pelos familiares, o acesso será plenamente garantido”.

Fonte: G1/Acorda Cidade

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